sábado, 5 de dezembro de 2015

entreimagens

doismilequinze acabando e as ondas azuis de amaralina ainda batem nesse cais,

das produções antes da mudança.
Manhã e Céu I, (2015)

Aqui GIZ o meu, (2015)

delírio conjugado (2015)

erraaera (2015)

nu trago (2015)
segunda (2015)

sol (2015)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

janeiro

sirius latindo toda madrugada em minha janela e eu acordo com aquele gosto em meus olhos de voltar a dormir. Estremeço-me. Minha imaginação invade os móveis, os imóveis, até chegar em minha mão.
estremeço-me.

cubro meu corpo. Escondo meu rosto negro - pois amanheceu. Escondo meu rosto negro noite como o sol esconde as chagas da noite. estrelas.

na orla, o mar quebra-se em novas rugas.

terça-feira, 2 de setembro de 2014

agosto

só mesmo o carvalho em minha cama poderia me contar em voz de segredo revelado o começo do novo ciclo. Estávamos mortos. Sob o lençol florido nossos corpos finalmente encontravam a paz.


dei ao luxo de dormir mais um pouco, depois de acordar, para aproveitar de mim o que é apenas inconsciente. carnavais internos. pouco a pouco, as palavras foram sumindo até concluir-se em desenhos borrados na parede. Repito, em silêncio, um mantra - de batuque, vira samba.

Tenho medo de que me respondam, de que leiam meus pensamentos, de que nosso corpo, um ao outro, decifrem nossas respirações. Deitado. Mantenho os olhos fechados... PAZ.
minha mão é uma ceifeira e teu cabelo um campo de trigos.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

um grito em nossos templos



as rugas tomam nossos jovens olhos com a mesma força que o vento consegue produzir ondas no mar. atotô, obaluaê! temos no rosto todas as manhãs de segunda-feira e o corpo coberto de chagas. Vago no caminho escuro, encontro-te. Esbarramos é o verbo que o tempo utilizará pra contar a nossa história.

Tento manter-te aqui, quieta. Nosso silêncio aniquila o passado. Como se não houvesse mais nada, além do nosso reflexo no espelho do teto, que me revela uma imagem divina e secreta: somos animais.

a cabeça do carneiro em meu colo, me conta histórias de amor, com leve alteração de voz, que me faz estremecer. um grito em nossos templos.

domingo, 20 de julho de 2014

abarco nos olhos a maré que esvazia
desce entre as ondas restos do manguezal
fecho-os
mantenho firme a areia na ampulheta de meus pés

rezo baixinho para brisa:
esquecer, esquecer, esquecer
até os lábios secarem com o sal

terça-feira, 8 de julho de 2014

tratos

o trator passa entre a plantação. No vazio que fica, catamos sementes que ferem nossos olhos. Por isso devemos manter fechados. Com um gesto desconcertado, entendemos que é preciso apagar a luz, esperar a noite, trazer outra cerveja, escrever correspondência, cozinhar. E todos os corpos vão se conhecendo através destes gestos tortos, profundos, úmidos e eretos.

Meio-dia nossas cabeças repousavam já no gramado seco. Alguém disse que parecia um quadro de Van Gogh. Não escondi o riso com a referência. Talvez esta memória seja apenas um livro de trezentos e oitenta e sete páginas, não muito difícil de encontrar em qualquer livraria, mas nunca um best-seller, que para um iniciante, pareça cansativo demais folheia-lo.

poderíamos juntar, tirar umas letras, esticar as palavras e ter um poema. Afinal, nem sempre o campo está para colheita, temos os dias de plantações e irrigação. Se por um lado, é só depois da fruta mordida que a semente cai ao chão... Esperar.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

longe

tenho pensado em abandonar as palavras, na mudez da língua que dobra sem som, para voltar ao meu verdadeiro estado.